- Bom dia! - A bênção, Mãe!...
No rosto, um riso tranquilo... Olhar curioso. Corpo franzino. A voz branda:
- Deus te abençoe!
Perguntei como estava. Sorri. Respondeu que - bem.
Outros idosos em volta.
Minha filha também pede a bênção. Ela responde, com o mesmo olhar curioso. Admirada e ao mesmo tempo, a postura meio que alheia...
Olhei a pantufa que usava. (Fui eu quem dei, quando a memória era mais viva). Me identifiquei, falando meu apelido, e o nome de minha filha.
Veio o jantar por volta das cinco. À ela servi, calmamente.
Perguntei se estava bom, disse que sim. E também se ela gostava do lugar, das pessoas... O gesto foi positivo.
Fui buscar água. Pelos corredores, alguns me observavam, com aquele olhar de criança. Cumprimentei, conversei com alguns.
Voltei para junto dela. Tomou a água sozinha.
Comentei com ela do resfriado terrível que sofri dias atrás, de um modo que
ela entende bem, com o humor típico nordestino, próprio dela:
- Mãe, peguei uma gripe de égua. Só faltei ficar de quatro. O trem foi feio!..
Ela sorriu, dessa vez um riso largo. E sussurrou algo, tipo: - Oh meu Deus!..
Falei, dessa vez com a voz embargada: - Senti falta do seu chá. "Chá de mãe". Sinto falta do seu café... Em fração de segundos pensei:
- Vou chorar quando estiver na estrada, rumo à minha casa, do meu jeito.
Ficamos mais um tempo. E o tempo venceu, apenas naquele dia. Então a acomodamos numa cadeira de rodas. Levamos até uma funcionária da clínica.
Nos despedimos. Dessa vez ela abençoou com firmeza na voz. Eu disse, de todo coração: - Mãe, fica com Deus!.. Nossa Senhora te proteja.
Ela disse: - Amém. Você também.
Fomos embora, completamente dividida. Nenhuma lágrima. Só alimentei, além da saudade que já brotava, o sentimento de FÉ... A certeza de que minha mãe está sob a divina proteção, e que nem sempre temos os remos do destino. E por mais que uma situação "X" seja vista a olho nu, somente quem saboreia, quem atravessa literalmente o caminho, é quem pode sintetizar o valor de um sentimento genuíno de dor e resignação.
Minha mãe tem mal de alzheimer. Vive num local com estrutura e cuidados adequados para tal problema, pois devo admitir, não sou capaz de atende-la cem por cento, com os devidos cuidados. Seria desleal de minha parte, se assumisse tal missão. Porém, me faço presente de acordo com minha capacidade. Se é fácil... Decididamente não. O nó no peito não se desfaz. Porém, não há um só dia em minha vida que não mentalizo o seu melhor. E então não levo a sério a distância. Em prece, entrego-a, não só em datas marcantes, mas a cada vez que bate a saudade... Aos cuidados especiais de JESUS CRISTO.
L.L.
Li, chorei, recuperei-me e pensei: esta viva. Bem cuidada e bem amada. Vc teve a sorte de vê-la e toca-la no dia das mães, mesmo sofrendo por não poder interagir como gostaria.
ResponderExcluirEu postei uma foto no face para tornar a minha querida Bernadete lembrada para os que a amavam. Contentei-me com aquele olhar tristonho mas repleto de amor.
Sei que ela esta sob a proteção de Deus.
Emocionei-me muito com o seu encontro com Carmosa.
Oh minha amiga! Você foi real em cada palavra aqui escrita e pude sentir a sua comoção sem deixar de emocionar-me. Sabemos dos caminhos tortos que a vida nos impõe para nosso crescimento na medida que desconhecemos, porém a Graça maior é que de tudo aprendemos que temos de tirar nossa lição. E aqui, o amor está supremo em todos os sentidos, seja da mãe para com a filha e vice-versa, e a mão de Jesus a abençoar cada instante até a chegada ou partida à espera de novo reencontro, feliz! Esse mal que aflige sua mãe não fará parte quando ela se for, com certeza dispensará aqui mesmo , tudo que for necessário para estar livre e consciente desta filha quando a aguardará do lado de lá. Bj de massagem no seu coração!
ResponderExcluirExcelente homenagem a sua mãe...Fiquei muito emocionado com o seu belo texto porque também a minha mãe já partiu....
ResponderExcluirCumprimentos
Texto puramente lindo! Aceito todos os Drink"s que você me oferece. Bjh
ResponderExcluirGostei muito da homenagem que fizeste.
ResponderExcluirUm magnífico texto.
Minha querida amiga Liza, tem uma boa semana.
Beijo
A minha mãe se foi o ano passado, levou com ela essa doença e mais o Parkinson. Saiu à procura de outro mundo com outra vida. Lindo texto que me faz lembrar mãe. Beijo
ResponderExcluirO seu texto me emocionou, pois senti em cada palavra o que tu sentes e o que tu desejas. Bela homenagem para sua mãe. Beijos.
ResponderExcluirObrigada pela sua doce presente, Liza. Uma ótima semana para você, beijos.
ResponderExcluirQuerida amiga Liza, tem um bom resto de semana.
ResponderExcluirBeijo.
oh, Liza, que lindo texto! que Deus abençoe sua mamãe, você e seus familiares. a vida é uma incógnita. confesso: marejei.
ResponderExcluirbeijos.