segunda-feira, 30 de setembro de 2013

CERRADO


Eis que me surge
Bendito 
Cheiro de chuva
Acariciando a saudade...
Lá vem ela,
Lavando a secura
Do mato,
Do asfalto...
Dos bichos
Da Terra...
Abro a janela do carro...
Bendito ar umidificado!..
Lá vou eu,
Cortando estrada...
Rumo à outra cidade
Vez por outra
Um pássaro desliza suave e lindo...
Daquele jeito livre
Inimitável...
Sem pressa
Roubando pensamentos...
Rasgando 
O céu feliz 
Do meu Cerrado


by L.L.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

JARDIM MULTICOLORIDO


Jamais saberei dizer
O quanto e como cresci 
Nos últimos dois anos
Especialmente no último mês

Estou na fase de lembranças

Que parecem mesmo um filme, e sempre a voz de minha mãe
(Feito um curativo à dor intraduzível, que o peito sabiamente, esconde tão bem):

- "Deus te abençoe."


Amorosa.  
Espirituosa.
Extremamente sensível.
Canceriana teimosa na arte do viver.
Parece que foi ontem,
Me despedi sem saber...
No íntimo, já sabendo.
- Mãe, Jesus te proteja e N. Senhora também!
- Você também.

As estrelas foram testemunhas,
Na volta pra casa,
Da pequena lança fincada,
Aonde bem, não sei. 
Nem quis muito compreender.

Hoje, em resumo,
Suspiro fundo, e digo:
- Eu sei... Que foi melhor assim.
Sei bem que onde ela estiver,
Tudo são rosas... Como ela tanto gostava.
Um jardim multicolorido,
Sem dores... E de volta, sua memória,
Da missão dignamente cumprida.
Meu pai ali, sorrindo, falando da ausência de dores, 
E que com o tempo,
Os filhos amados que aqui deixaram
Saberão serenar a dor da saudade...
Ficaremos em paz.

Mas é que minha fonte
Precisa jorrar...
Entenda-me, Deus!...
Preciso, vez por outra,
Chorar.
Ganhei nome de batismo,
Carinho e tanto mais...
Então permita-me que hoje
Eu me traduza assim,
Entre o vazio da falta
E a certeza
De que onde ela estiver,
Já não sofre mais.

by Liza Leal